História do abastecimento de água em Portimão

Introdução

O abastecimento de água ao concelho de Portimão é da responsabilidade da EMARP, por delegação do município.

O concelho de Portimão tem uma área de 182,4 km2, é composto por 3 freguesias e tem uma população residente de cerca de 55.400 habitantes. Os utilizadores do sistema de distribuição de água são na sua maioria, 80% da freguesia de Portimão, 15% da freguesia de Alvor e 5% da freguesia da Mexilhoeira Grande.

As infraestruturas do sistema de distribuição de água são:

  • 14 reservatórios (7 dos quais elevados) com a capacidade total de 59850 m3;
  • 8 estações elevatórias e cerca de 450 Km de condutas.

E existem ainda 4 furos de captação de água subterrânea operacionais, como reserva.

 

Evolução histórica na gestão do sistema de Abastecimento de água em Portimão

O abastecimento público de água ao concelho remonta ao final do séc. XIX. Em 1889 constituiu-se a Empresa de Abastecimento de Água Sárrea Prado & Comandita, com a finalidade de empreender as obras necessárias para o fornecimento de água à vila de Portimão.

A 8 de Maio de 1902, pela primeira vez começou a ser vendida ao público, através de bicas e chafarizes, água proveniente do Barranco das Águas, no sítio da Arrojela, Monchique.

A Câmara Municipal resgatou a concessão de fornecimento de água a Portimão em 1915 e, em 1921 iniciou a execução de furos de captação de água em vale Figueira, junto à Ribeira do Farelo.

Data de 1922 a construção da Central da Figueira, para forçar a água canalizada a chegar a Portimão, tendo em 1930 sido concluída a rede de canalizações ao domicílio.

Em 1951 foram criados os Serviços Municipalizados de Portimão.

Para que o fornecimento de água em quantidade e qualidade, não constituísse obstáculo ao desenvolvimento do Município, os Serviços Municipalizados de Portimão foram melhorando as infraestruturas do sistema para responder às necessidades exigidas, sendo de realçar a construção da Estação de Tratamento de Águas das Fontainhas, que iniciou o funcionamento em 1981, para tratamento da água proveniente da Barragem da Bravura, e a pesquisa e equipamento de novas captações de água subterrânea em zonas do interior da freguesia da Mexilhoeira Grande, nas últimas décadas do século XX.

A 1 de fevereiro do ano 2000, concretizou-se a adesão do Município de Portimão ao Sistema Multimunicipal de Águas do Barlavento Algarvio (ABA,SA), gerido pela empresa multimunicipal Águas do Barlavento, S.A., posteriormente integrada na atual empresa Águas do Algarve, SA (AdA,SA). A ABA,SA e posteriormente a AdA,SA, por concessão do estado Português, passou a ser responsável pela captação, tratamento e distribuição de água em “Alta” em todo o Algarve, ficando na esfera municipal a distribuição “em baixa”, ou seja aos utilizadores finais.

A 1 de Janeiro de 2001 foi criada a EMARP – Empresa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão, substituindo os Serviços Municipalizados de Portimão, assumindo a gestão do Sistema de Abastecimento de Água ao Concelho de Portimão.

 

Caracterização do sistema de Abastecimento de água em Portimão

Origem da água

Em finais dos anos setenta, com a expansão da rede de distribuição e o correspondente aumento dos consumos, a água das captações existentes, muito próximas do litoral, aumentou significativamente na salinidade, o que levou os Serviços Municipalizados de Portimão à procura de novas origens de água, nomeadamente, intensificando a pesquisa e equipamento de novas captações de água subterrânea em zonas mais interiores da freguesia da Mexilhoeira Grande e a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) das Fontainhas para tratamento da água proveniente da Barragem da Bravura.

Até ao início da década de oitenta, a água abastecida em Portimão era na sua totalidade de origem subterrânea, inicialmente captada em diversos furos situados nas zonas da Figueira e Fontainhas.

A partir de 1981 e até janeiro de 2000, o abastecimento de água foi assegurado, na época baixa, de outubro a março, com recurso exclusivamente a captações de origem subterrânea e na época alta com uma mistura de água subterrânea com água superficial, proveniente da Barragem da Bravura e tratada na ETA das Fontainhas.

A partir de fevereiro de 2000 a rede de distribuição de água de Portimão passou a usar água proveniente do sistema multimunicipal do Barlavento Algarvio, predominantemente de origem superficial captada na Barragem do Funcho, e mais tarde reforçada com a Barragem de Odelouca.

 

Infraestruturas do sistema de abastecimento de água

Até meados dos anos setenta, as principais infraestruturas do sistema de abastecimento de água eram a Estação Elevatória da Figueira, construída em 1922, que recebia a água das captações subterrâneas e a elevava para Portimão e o reservatório da Boavista datado do início do século XX (1902), que distribuía a água pela cidade de Portimão. Nos finais da década de sessenta foi construído o Reservatório Elevado da Figueira para assegurar o abastecimento de água ao Hotel e à urbanização do prado da Penina.

A segunda metade da década de setenta ficou marcada por uma grande expansão da rede de distribuição e pela construção de um conjunto de reservatórios apoiados e elevados, estrategicamente implantados em redor dos aglomerados populacionais, Boavista, Alto Pacheco, Bemposta, Amoreira, Chão das Donas e Mexilhoeira Grande.
Nos finais da década de oitenta foi construída a primeira célula da “Grande Reserva” no Chão das Donas, com capacidade para 15.000 m3, que passaria a ser o ponto central do sistema de abastecimento de água a Portimão, sendo canalizada para lá toda a água produzida nas diversas origens e a partir daí distribuída pelos outros reservatórios apoiados situados em redor da cidade de Portimão. A Grande Reserva foi ampliada uma década depois, com a construção de uma nova célula, igualmente, com capacidade de 15.000 m3.

Na primeira metade dos anos noventa foram ampliadas as capacidades de armazenamento de água no Alto Pacheco, Amoreira e Bemposta com a construção de novas células nos reservatórios apoiados em cada um desses locais.

Durante a década de noventa e no início da primeira década do século XXI, o Município procedeu à remodelação de uma parte significativa da rede de distribuição (≈ 80%), substituindo as antigas tubagens em fibrocimento e ferro, significativamente obstruídas pelo calcário acumulado, por tubagens em PVC.

A partir de fevereiro de 2000, a “Grande Reserva” do Chão das Donas passou a ser o ponto de entrega da água proveniente do sistema multimunicipal de distribuição de água do Algarve, responsável por receber a quase totalidade da água distribuída no concelho. Cerca de uma década depois foi aberto um novo ponto de entrega para abastecimento exclusivo ao empreendimento turístico do Morgado do Reguengo.

 

Factos históricos relevantes

Poço (c. 3000ac)

3000 a.C.

Nessa altura já se obtinha habitualmente água doce a partir de poços, utilizando-se um balde (embora a maior parte dos aldeamentos se situassem perto de rios).

 

 

 

EMARP - Sarilho (2500ac)

2500 a.C.

O sarilho e dispositivos semelhantes eram utilizados para aumentar a rapidez da retirada de água dos poços. O sarilho, que continua a ser largamente utilizado no Médio Oriente, é constituído por um pau giratório que tem um balde numa ponta e um contrapeso na outra ponta.

 

 

 

 

EMARP - Sifão (1550ac)

1550 a.C.

Uma pintura mural egípcia mostra um sifão a ser utilizado.

 

 

 

EMARP - Bomba de água (1485ac)

1485 a.C.

Um grego chamado Dános é conhecido como o pai de uma bomba de água muito eficiente.

 

 

 

 

 

EMARP - Destilação da água (século 20)

350 a.C.

Aristóteles descreve o modo como se pode obter água doce a partir de água salgada por destilação (ebulição e subsequente condensação). No entanto, passaram mais de 1400 anos até que os Mouros trouxessem essa ideia para a Europa Ocidental.

 

 

 

 

 

Parafuso de Arquimedes

1500

As primeiras cidades europeias começaram a construir sistemas de abastecimento de água. O primeiro a ser descrito, em 1550, foi o de Ausburgo na Baviera (Alemanha), no qual eram utilizadas noras  que acionavam parafusos de Arquimedes, os quais elevavam a água até torres altas, donde era canalizada para as residências dos  consumidores.

 

 

 

 

EMARP - Contador de água potável

1614

Castelli, um italiano, descreveu o modo como ele fora finalmente capaz de medir o fluxo de água ou de outro líquido.

 

 

 

 

 

EMARP - Nora (Esquema de Philipp Mönch, 1496, Wikimedia Commons)

1682

Em Marly, na França, deu-se por terminado um sistema hidráulico extraordinário. Era acionado por uma série de noras gigantes, desenvolvendo cada uma delas uma força superior a 100 cavalos vapor.

 

 

 

 

 

EMARP - Filtros de areia na ETA das Fontainhas

1791

James Peacock demonstrou que a água podia ser filtrada deixando-a infiltrar-se num leito de areia.

 

 

 

 

EMARP - Executando furo artesiano1794

Foi escavado pela primeira vez em Inglaterra, em Notting Hill, Londres, um poço artesiano, por um homem chamado Benjamin Vulliamy.

 

 

 

 

 

 

EMARP - Desinfeção de torneira (século 20)

1854

Dr. John Snow fez a primeira abordagem eficiente das doenças provocadas pela água.

Cerca de 500 pessoas que viviam nas proximidades de uma zona de   200 metros junto à Broad Street (hoje, Broadwick Street), no Soho,  em Londres, morreram de cólera num período de dez dias.  O Dr. Snow localizou a infeção numa bomba de água manual,  retirou a manivela e assim terminou a propagação da doença. Deste  modo a atenção das pessoas centrou-se na pureza da água.

Figura: Desinfeção de uma torneira de água potável para colheita de amostras. (século 20)

 

 

 

EMARP - Depósitos de cloro em ETA

1896

E assim chegamos ao último episódio da nossa breve história da água, onde a água foi pela primeira vez desinfetada com cloro em Polo, na costa italiana do Adriático, como medida de proteção contra as doenças.